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sábado, 31 de dezembro de 2011

ASHLEY COM NOVO FIGADO



Finalmente neste ultimo dia do ano, na edição on-line do prestigiado Jornal de Notícias uma boa nova:
Ashley Celeste Jaquite, a pequenota portuguesa que se encontrava em Madrid no hospital La Paz recebeu hoje transplante de figado que pertenceu a outra menina. 
A operação que demorou sete horas e que no entender da cirurgiã Helena Rosso foi rápida e correu melhor do que o esperado não deixa de encher de alegria os portugueses habituados quase só a notícias ruins.
Esta é uma boa maneira de terminar um ano em que a violência
doméstica, e não só, sobre mulheres, crianças e idosos se tornaram tão vulgares nos meios de comunicação que, regra
geral delas tomamos conhecimento com pouca atenção e alguma ligeireza.
Nunca entendi a violência sobre mulheres, normalmente o elo
mais fraco duma união...
Mais difícil para mim é entender a violência sobre crianças, já
que entendo que crianças criadas num ambiente de violência,
ou são de estrutura mental muito forte ou terão tendência
a repetir no futuro aquilo de mau com que tiveram que conviver.
Também se me torna difícil entender a violência contra os idosos, que, à semelhança das crianças são frágeis e quantas vezes doentes.
Por muita amargura que os novos e "valentes" sintam
em relação a atos passados de seus pais ou avós nada justifica
o que de forma recorrente se lê nos jornais.

Mas de todas as formas de violência a que mais me enoja e repugna é a violência pedófila;  não consigo entender  que
prazer pode ter um adulto ao provocar dor fisica e mental
em crianças...

Mas, porque hoje é sabado e ultimo dia do ano foi com imensa alegria, decerto partilhada por todos os homens e mulheres de BEM deste Portugal, que tomamos conhecimento do êxito
do transplante hepático na pequena Ashley, não por ser Portuguesa, mas por ser CRIANÇA que concerteza irá ter no futuro uma qualidade de vida melhor que até aqui.

Por isto, e por todas as crianças, esqueçamos, ainda que por momentos, horas ou dias tudo de mau a que normalmente assistimos.
Um grande abraço de afeto à Ashley e família; à equipa médica
que tornou o milagre possível; e um afeto muito, muito especial à família que doou o figado duma criança que perderam, que concerteza foi muito amada, e da qual não é possível imaginar
a saudade e dôr que sentirão...

Esta crónica parece-me a melhor forma de encerrar um ano
em que este humilde servidor escrevente, se comprometeu com
o coração e a consciência em enaltecer os AFETOS muitas
vezes espezinhados ou simplesmente esquecidos.

Para todos os que tiveram a paciência de me lêr, desde abril deste ano, como sempre, deixo o meu abraço e o meu afeto. Amigos, Feliz 2012.

João Quitério



  


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

AS FARPAS e os politicos



É pela mais justa e pela mais completa compreensão do seu destino
social que tanto os indivíduos como os povos se disciplinam, fortalecem e se aperfeiçoam.
Em Portugal, a incapacidade governativa produziu, primeiro que
tudo, este resultado funesto; fez perder ao País a noção histórica
do seu destino...
-----------------------------
Reformista é uma palavra farfalhuda, mas oca, nome convencional
sem objecto em politica...
(Ramalho Ortigão há 129 anos)


Agora que se aproxima o fim de um ano em que os nossos governantes, politicos, tecnocratas, e reformistas não se cansaram de nos governar  mal, de forma vaidosa, oca e desastrosa, tendo dos cortes da gordura do estado apenas uma fixa  ideia de desmantelar os serviços sociais e de saúde, o que afeta a grande maioria dos portugueses de classe média e baixa, servilmente  poupando o grande capital e os lobies junto deles instalados, não resisto a enviar-lhes aqui do norte, estas pequenas "farpas"  do genial Ramalho Ortigão que há
120 anos tinha deles, politicos, pensamentos que perduram
e se adaptam perfeitamente ainda ao nosso tempo.

Deles tenho a ideia de gente da linha de Cascais, é assim desde tempos imemoriais; gente que da vida real não tem noção e muito menos sensibilidade para  entender quem vive com duzentos, trezentos ou seiscentos euros, gente que não foi caldeada nas agruras da vida mas sim, antes tiraram cursos
académicos, muitas das vezes subsidiados com bolsas de estudo
que deveriam justa e rigorosamente reservadas aos
mais desfavorecidos; gente que nunca construiu nada, nunca plantou uma árvore, nunca carregou nas costas a desdita de
ter nascido pobre...
Coitados, não fora a politica, o compadrio, as jotas e não passariam de meros cavalos de cortesias perdidos na imensidão
dos desempregados deste país.
Por tudo isto a "eles" não lhes desejo um bom ano de 2012...
Este meu voto fica aqui patente, sim, aos desempregados, aos que embora empregados não sabem se no novo  ano ainda terão trabalho, aos fortes que lutam pela vida mas fracos junto do poder, aos desiludidos da vida que ainda são capazes de um afeto e aos meus leitores. BOM ANO AMIGOS

Com o meu abraço e o meu afeto
João Quitério













 

sábado, 24 de dezembro de 2011

A PROFESSORA MÁRCIA e o estranho Natal

A pequena Sofia de vinte meses e  sua mãe Márcia Santos, são nesta véspera de natal  notícia  no JN com direito a duas paginas (21 e 22) pelo pior motivo que pode tocar os seres humanos, e que se vai tornando recorrente nos dias de hoje.

Márcia Santos, professora, desempregada, divorciada, desesperada, pegando sua inocente filhinha Sofia de 20 meses ao colo, atirou-se de um viaduto de 40 metros de altura em Vila pouca de aguiar.
Márcia,  a quem a curva da vida já havia tirado muito,  perdeu também a vida; a pequena Sofia apenas partiu a perninha esquerda. Foi operada encontrando-se aos cuidados estremosos de profissionais da saúde no hospital de Vila Real que lhe diagnostica sobrevivência, como se renascesse...
Mas este não é caso único; no mesmo viaduto já se suicidaram, desde que foi aberto em 2007 quatro pessoas, três das quais professores.
Este é o resumo do que foi amplamente noticiado; mas importa
sobremaneira refletirmos e interiorizarmos sobre a atitude da Márcia e de outras márcias  deste país...
Que somos um povo pouco alegre e muito deprimido, o que a canção nacional (O FADO) patenteia, é notório e essa tristeza vem na nossa memória genética e atravessa os séculos
da nossa existência como nação.
E pensar que se não fosse o Afonso Henriques, pertenceríamos a um povo, (espanol) alegre por natureza...

Que um divórcio mexe com qualquer pessoa e a deprime, é certo... 
Que o pós-parto pode provocar depressão numa jovem mãe também se compreende...
Que tenham sido estas as razões para a Márcia querer terminar com a sua vida e a da sua menina isso já não me parece determinante.
É normalmente a frustração pela falta de trabalho, de dinheiro e um acumular de dificuldades, porque muitos portugueses
passam, que leva ao divórcio e à depressão e, perdido tudo, desejam também libertar-se da vida e frequentemente libertar os que lhe são mais queridos.
Para onde caminhamos?...
Para onde caminha um povo
desiludido,
cansado,  
desempregado,
a quem todos os dias lhes são pedidos mais sacrifícios?
Certamente para a negra noite abismal, um limbo onde já não
há natal e onde ´parece que até por Deus foi esquecido.

Feliz Natal a todos e especialmente às Márcias e Sofias no natal do nosso descontentamento.

Com o meu abraço e o meu afeto
João Quitério

sábado, 17 de dezembro de 2011

NATAL... mas que natal

foto net linkatual








É este o Natal do descontentamento da maioria dos portugueses.
Mergulhadas em  dificuldades financeiras, um numero incontável de famílias que as estatisticas não revelam;
sem trabalho, sem rumo, sem norte e sem esperança; mergulhadas em dividas e compromissos por cumprir;
gente honrada habituada a viver do trabalho que agora lhes foge a olhos vistos, não sabem como será o próximo ano; mas no seu inconsciente reside a certeza que por certo será ainda pior que o ano que agora finda...
Famílias deprimidas à beira da renúncia a tudo, por vezes à
dignidade e à própria vida...
Gente boa que já viveu melhores dias recorrem à caridade
alheia e das instituições particulares para sobreviver, vegetando num limbo sem luz e sem esperança.
Pessoas, vitimas da ganância da globalização, do liberalismo, da alta finança, dos tecnocratas que nunca serviram a pátria e o seu povo, antes se serviram deles.
Gente trabalhadora que viu a união  dos povos europeus como
uma razão de existência e de vida anunciada como fraterna entre iguais nas diferenças, sente-se vilmente enganada e traída.
Olham ao seu redor e não vislumbram lideres como os de outros
tempos que no meio da tormenta lhes incuta alguma réstea
de esperança no futuro.
Um povo vergado à desgraça, que se tivesse fé ainda esperaria
um Moisés com seu bordão que batesse no lodaçal e abrisse caminho rumo a uma nova vida, deixando para trás os faraós
da finança e da ganância.
Mas não!...
Portugal e a Europa não tem lideres capazes de segurar o bordão e muito menos de com ele abrir caminho por entre
as águas fétidas.
Portugal não tem sequer um moisés na politica com capacidade
de brandir o bordão ao presidente do Bundsbank que intitulou os portugueses de bebados.
Mas como é natural, concerteza neste natal  não faltarão os votos de boas festas dos nossos governantes, aos quais deveríamos responder com um democrático manguito mostrando-lhes que somos deprimidos, macambúzios, tristes
e falidos mas não somos asnos...
E porque é Natal sejamos ao menos fraternos entre nós, os
que cavalgamos o asno da desgraça ou o sonho alado de que
a crise passe...
Com o meu abraço e o meu afeto.
BOAS FESTAS a todos.

João Quitério



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O meu amigo Carlos, o coração o stress



Amigo Carlos,
A notícia de ruim, caíu sobre mim como todas as más notícias...
O amigo Carlos Melo está no hospital S. João com um enfarte...
A notícia é brutal porque o é sempre que afeta alguém que  amamos
ou simplesmente estimamos; afinal os amigos são a familia
que escolhemos... e tu e a Gina pertencem a esse grupo de amigos sempre presentes nos bons e maus momentos.
Que todos os amigos e família te avisávamos há muito da necessidade de parar, de controlar o stress, pelo que poderia acontecer-te,  e aconteceu; não é novidade; agias como um kami kaze na tua profissão de homem de leis, sempre correndo de um lado para o outro, dormindo pouco e descansando nada.
Agora amigo tiveste que parar, e todos esperamos que seja por pouco tempo, já que, conhecedores da tua teimosia e tenacidade
sabemos que recuperarás rápido; mas vê se aprendes que hoje
é o primeiro dia do resto da tua vida; que saberás concerteza
viver mais calmamente embora com intensidade.
Tu sabes, que eu como tu, crente no divino, ando de relações um pouco frias com Deus devido às injustiças e desgraças que vejo, mas neste momento não podia  deixar de me curvar perante a
santa da tua preferência, N.Sra. auxiliadora e humildemente pedir-lhe que te ajude e que breve possamos ir visitá-la na igreja dos congregados.
Na esperança de que possa ser assim e com um abraço do coração
deixo-te com a minha amizade e o meu afeto.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

GUERRA JUNQUEIRO E o povo imbecilizado









Do genial Guerra Junqueiro, Transmontano de Freixo de Espada á cinta, de quem os politicos do seu tempo diziam ser poeta, e os poetas acusavam de ser politico, também pensador
de elevada grandeza, não resisto a transcrever um pensamento
sobre o  povo português e que infelizmente perdura e se adapta ao nosso tempo, aos nossos dias...  

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e camanbúzio,fatalista e sonambulo, burro de carga, besta de nora aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem rebelião nem um mostrar de dentes, sem a energia de um  coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as môscas.
Um povo em catalépsia ambulante, não se lembrando nem de onde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que num lampejo misterioso da alma nacional
o reflexo de astro em silêncio escuro em lagoa morta..."

Escreveu ainda G. J. esta pérola filosófica:
" A felicidade consiste em três pontos: trabalho, paz e saúde."

Trabalho, paz e saúde; três coisas  tão simples que os tecnocratas
europeus e os seus acólitos portugueses teimam insistentemente
em nos negar; mas é bom eles não esquecerem que junqueiro
também achava que: "Na alma da maioria dos homens grunhe, ainda, baixo e voraz o focinho do porco."

E quem sabe... um dia os "porcos" podem achar que basta!

J.Quitério

domingo, 11 de dezembro de 2011

EÇA DE QUEIROZ e a politica de interesses

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição.
Falta igualmente a aptidão, o engenho, o bom senso e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento politico das nações.

A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

A politica é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos principios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e justo.
Em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os epeculadores ásperos, ali há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio.

A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se...
Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos;  todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos,ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
Eça de Queiroz 1845/1900







Num Portugal depressivo, à beira da esquizofrenia total; governado por tecnocratas liberais, servidores leais do capitalismo de mercados financeiros, esta douta opinião  do Sr. Eça de Queiroz  tem mais de cem anos mas está actual. Oh se está! 
Subscrevo-a totalmente, porque depois de um século os
nossos politicos apenas nos mostram uma qualidade: a da persistência de sempre serem iguais a eles próprios em todos os
tempos...
João Quitério

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

MINHA MÃE



Mãe,
Perdi-te fisicamente faz hoje doze anos, e se na minha memória existe a recordação desse dia e de alguns outros anteriores,  marcados pela tristeza de lentamente te ver definhar nos teus setenta e oito anos; enquanto em voz fraca me dizias estar à espera que Deus te fizesse a esmola de te levar a fim de acabar com o teu sofrer... o que é certo é que neste dia, parei para uma profunda reflexão sobre esta perda que antecedeu um corolário de perdas que veio dar razão ao que sempre me dizias: (quando a roda do moinho desanda...) e não escondendo a tristeza e dificilmente segurando uma ou outra lágrima teimosa que já aos meus olhos assomaram durante o dia de hoje, o certo é que não quero recordar muito o teu fim mas sim o principio...
O principio do tu e eu...
Foi no século passado, numa noite fria de Março, sob o signo de peixes,  que de ti nasci para a vida... 
Foi esse  o dia do nosso primeiro encontro.
Foi teu o primeiro beijo que recebi e se muitos outros houve pela vida fora eles foram o eco e extensão desse que por certo foi especialmente sublime e te encheu de alegria como um dia me contaste.
Mas minha  mãe, eu  sempre achei que já nos conhecíamos, e sempre o meu coração e a minha mente me diziam o que eu nunca ousei contar-te,  e como o lamento, é que mesmo dentro do teu ventre já te conhecia, eu escutava a tua voz, ouvia as cantigas que em momentos mais descontraídos ousavas cantar... 
Também lá, nesse pequeno mundo uterino protegido, aprendi a conhecer os teus momentos de desalento, de depressão, de tristeza perante as dúvidas que a vida dificil a ti e ao meu pai colocavam,
na  responsabilidade de pores no mundo um filho, que embora querido e muito amado por pais e avós não foi planeado, porque a vida estava má...
Mas afinal algum dia a vida esteve boa?...
Se esteve, tu e eu não demos conta.
Ali mesmo ao nascer conheci o teu cheiro... o cheiro inigualável que cada mãe possui e que cada filho atento irá  conhecer por toda a vida. Não houve perfume que o anulasse ou exorcisasse. 
O teu cheiro de mãe era tão unico como uma impressão digital; e para mim foi de tal maneira que no ultimo Natal que juntos passamos, o senti intensamente, ao reclinar a minha cabeça no teu peito cansado enquanto te pedia uma festinha e um abraço  como fazia em criança.
Mãe, quisera eu neste dia, ser poeta, e te escreveria o mais lindo verso que algum dia foi escrito...
Quisera eu dizer-te, com certeza, que é preciso morrer para se nascer de novo, mas tenho tantas dúvidas...
Quisera eu poder dizer-te ao ouvido, ternamente tanta coisa que ficou por dizer...
Quisera eu ouvir dos teus lábios outras tantas que nunca me contaste...
Quisera eu poder ainda passar as minhas mãos no teu rosto de pele de veludo acetinado (muito invejado...)
Mas agora, distante de ti e saudoso,
sem lágrimas, chorando em momentos de dor,
eu guardo no peito a imagem querida,
de ti minha mãe que foste um amor.

24Nov.2011

João Quitério


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CHIQUINHO de Rio de Mouro... ou o maior dos afetos!





O ódio e o amor são os dois mais poderosos afetos da vontade humana...
Padre António Vieira


CHIQUINHO O FIEL AMIGO  DE RIO DE MOURO



A notícia foi amplamente divulgada em Portugal:
(chiquinho), assim lhe chamam, é um cachorro  de Rio de Mouro no concelho de Sintra que como sempre fazia, acompanhava a amiga e dona com quem vivia, ao centro de saúde Dr.Joaquim Paulino a uma consulta.

A senhora entrou no centro e dali foi transportada ao hospital de Amadora Sintra de ambulância, onde viria a falecer...
Passavam os dias e chiquinho continuava em frente do centro
de saúde esperando e esperando, tão pacientemente como só
um amigo canino o sabe fazer...
Triste e melancólico, dali não arredou patas sempre esperando,
sempre espreitando a porta esperando
que sua amiga aparecesse para regressar ao lar que partilhavam.
Gente boa do centro de saúde e arredores foram alimentando
tão fiel amigo de quem não poderia voltar mais...
Chegaram mesmo a construir uma casota em madeira para
que chiquinho, na sua interminável espera não passasse frio.
Televisões e jornais lhe dedicaram tempo que considero bem
mais útil do que os tempos dedicados a iniciativas governamentais e troikianas... Nem me constou que a troika
desse diretrizes do que fazer com o bicho num tempo em que
ela opina e controla toda a vida portuguesa. Confesso que cheguei mesmo a esperar que a sra. Merkel e o seu porta-chaves
francês dessem diretrizes do que fazer com o bicho...
Mas não! Nisto de afetos e necessidades as coisas passam-lhes ao lado...

Finalmente no JN  vejo a boa notícia, o chiquinho foi adotado por uma família da Damaia que se propõe dedicar-lhe o carinho, senão igual, pelo menos semelhante ao que tinha e estava habituado...
Eu, apreciador dos bichos, e com dois adotados por abandono,
(o rasteirinho e o mickei,) afirmo com convicção que chiquinho irá retribuir com juros altos o afeto que lhe dedicarem...

Mas cabe aqui uma breve reflexão sobre o amor e os afetos
dos bichos, e dos nossos amigos...
Quem não teve já longas horas de espera em hospitais e centros de saúde por amigos ou familiares?...
Todos temos alguns bons amigos na vida, mas qual deles seria capaz de tamanha entrega?

No tempo que esperamos não nos cansamos de perguntar se
demora, como está, e como será?
Nesse tempo de espera, quem se inibe de ir á cantina tomar
um cafézinho ou lanchar? Ou mesmo dar um salto a ver como
as coisas correm no escritório ou em casa?...
E claro, é humano, entendivel e aceitável...
Lentamente todos voltamos às nossas rotinas... pese embora o amor e o afeto que liga os humanos e dos quais nunca devemos duvidar.
Mas amor e afeto como o demonstrado por este e outros animais
nós ainda não cultivamos  entre nós, nem com os animais...
Todos temos sempre muita pressa...
E sem mais considerações deixo para os meus leitores e amigos
blogueiros um pedido para uma reflexão:
Nos tempos dificeis que nos assolam em que a perda da vida
a que muitos estavamos habituados, a troika e o governo, mais insensivel que já conhecemos,  nos está tirando lentamente,
não viremos a cara para o lado e encaremos os afetos que uns
e outros necessitamos dar e sentir e que por muito fortes que sejam, apenas serão uma pálida imagem dos afetos que o chiquinho nos trás numa lição de amor e entrega inigualável.

E porque é fim de semana, que governo ainda  mantém, reflexionemos...

Com um abraço e o  meu afeto

João Quitério

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O MENINO E O CÃO

Adicionar legenda

O AFETO NO MELHOR E MAIS DESINTERESSADO ABRAÇO
O meu amigo e jornalista ,  já dos tempos idos de Angola, prof. Antunes Ferreira, agora também blogueiro, teve a gentileza de me enviar este post ao qual não vou acrescentar palavras desnecessárias... (as imagens dizem tudo).
O afeto entre o Kandando (abraço) deste cão à criança, vem do muxima (coração) e é uma demostração da importancia dos Afetos...  Aprenderemos com as crianças e os animais?

 Com abraço e afeto
João Quitério

domingo, 13 de novembro de 2011

O ÓDIO E OS AFETOS

Pessoas há que nos seus relacionamentos, se dedicam a cultivar o
desprezo, a indiferença e frequentemente o ódio...
E por mais que se lhes tente demonstrar as vantagens que teriam
se em vez do desprezo, da indiferença e do ódio; cultivassem nas
suas vidas e nas suas relações com o semelhante, os afetos, para
já não falar no amor, as suas vidas, ainda que vazias de bens
materiais certamente seriam enriquecidas de PAZ e bem estar...

Mas não! 
Se por vezes nos parece que param por momentos a pensar no assunto, rápidamente voltam a ser  dominadas pelo mais ingrato 
e vil sentimento, mas claro não é de admirar já que está provado
ser o ser humano o unico animal que tropeça duas vezes na
mesma pedra...

João Quitério  

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O PAÍS ANDA TRISTE

Portugal anda triste e com depressão e não é para menos, sacode-se
os jornais e se o fizermos com alguma energia que a depressão
pública ainda nos permite, as desgraças, a corrupção e o esmagar
de uma vida que há muito os politicos e a troika nos vai paulatinamente retirando, toda a informação cai no chão enlameado
em que este país se transformou...

Hoje mesmo, no jornal de Notícias, a certeza daquilo que todos
sabiamos e os governantes nunca quiseram encarar... (filhos da alta
e lucrativa finança), os finórios habituais que se sentam à nesa do
orçamento, recebem bolsas de estudo universitárias porque os papás
dos meninos, ganhando milhares de euros, em negócios lucrativos
nas suas empresas declaram apenas em sede de irs pessoal  pequenos e ridiculos ordenados que quase os apresentam na indegência...
Defraudam assim o herário público e cuortam aos filhos dos
verdadeiros necessitados as bolsas que lhes permitiriam estudar
e formar-se para enriquecimento moral da sociedade...

Em que país permitimos que se torna-se este nosso Portugal, e tudo
isto á sombra dos nossos votos.

Esperemos com alguma ansiedade que os nomes dos chulos da sociedade sejam publicados e os mesmos obrigados a repôr, com
juros, as importâncias  que indevidamente usurparam...
Talvez assim passemos a acreditar que há justiça...
Talvez assim soubessemos quantos nomes sonantes da finança, da
indústria e da politica andam enredados nestas acções inescrupulosas das atribuições de bolsas de estudo.

Talvez assim  voltassemos a acreditar num país do qual apenas
se sente vontade de fugir, de abandonar e esquecer...

João Quitério

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O DESPERTAR DO MONSTRO CHINÊS






A grande muralha: protegeu-os da invasão mas não os impede de invadir...




Napoleão Bonaparte era um louco que sonhou dominar pelas armas a Europa e  talvez nos seus pensamentos até tentar dominar o mundo.
Era louco mas não era burro...
Era alem de estratega militar um visionário... 
A ele é atribuida a frase: (quando a china despertar, o mundo tremerá.)

Muitos de nós fomos ao longo da vida criados a pensar que
o despertar do dragão chinês adormecido, nos traria uma guerra da qual o ocidente saíria fatalmente vencido, dado o numero impressionante de combatentes possíveis de  recrutar entre o povo chines...
Foram feitos filmes teorizando diversas visões sobre o que seria
do mundo dominado pela força das armas chinesas.

O que nesse tempo ainda não muito distante, poucos pensariam
é que a china se transformaria numa potência económica e industrial passando de um estado totalmente marxista comunista a um estado capitalista disfarçado, que acabaria
por disponibilizar dinheiro às paletes para mitigar a falta
de capital de que o ocidente precisaria...

Não sei se existirá neste momento algum país no mundo que
não esteja a usufruir de empréstimos chineses, o que torna
as democracias ocidentais cegas surdas e mudas aos direitos
humanos constantemente atropelados pelos seguidores do
Sr. Mao tse tung...
E se os, ainda poderosos, lideres do mundo livre se atrevem
a falar dos direitos humanos na China, fazem-no de tal forma
em surdina que ninguém os ouve...

Ora notícias recentes dão como certa a disponibilidade do
governo chinês para ajudar a Europa com um fundo financeiro
de tal grandeza que pônha a Europa a viver novamente com
um desafogo que fará esquecer as asneiras cometidas na ansia
de ganharem dinheiro fácil em especulações financeiras que
colocaram o ocidente de cócuras...
E quando aceitarem essa ajuda que moralidade terão os paladinos da democracia e das liberdades em morder a mão
que lhes foi estendida?... Isto numa altura em que a China
já é o principal credor dos estados Unidos!...
O monstro acordou e seguiu à risca alguns dos ensinamentos
do Sr. Mao (se não os podes vencer, junta-te a eles...) e tudo isto
sem ser preciso dispararem um tiro que fôsse.

Vai custar-me muito viver num mundo resignado ao pragmatismo do capital e da perda de independência dum
continente que outrora descobriu,  dominou e levou cultura
ao mundo novo desconhecido...
Mas custa-me muito mais saber que os meus netos e bisnetos apenas venham a conhecer a cultura de onde descendem através dos livros que entretanto
alguns mais corajosos não deixem que sejam queimados...
Para onde caminhas Europa?...
Para onde caminhas Portugal?...

Com um abraço e o meu afeto
João Quitério
   

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A MARIA... e eu

mar de Leça da palmeira - foto vortex








Lembras-te Maria,  daquela tarde fresca de outono em que pegando-te na mão te disse:
Não vou fingir mais, nem ocultar a fome que sinto de ti, 
que me arde no peito e o meu olhar denuncía?... 
Anda, vem comigo!
Caminhemos juntos na procura do tempo...
Tu respondeste  decidida e firmemente:
vamos! e  sem olhares para trás puseste a tua mão na minha e não me seguiste; antes me acompanhaste, lado a lado como naus que partem  rumo à descoberta...

Eramos livros já lidos, com páginas viradas e amarrotadas mas tinhamos o saber de quem já conhecia as dificuldades que surgiriam na  caminhada...

Contei-te das minhas vitórias e derrotas dizendo-te, somos de barro,
mas embora de barro partido, ajudemo-nos... juntemos os sentimentos  enquanto é tempo... 
E  o tempo não é eterno...
Eterno apenas poderá ser o amor que consigamos encontrar no
tempo que se abre à nossa frente...

E foi...

Então  foi esse o primeiro dia do resto das  nossas vidas, e nas nossas vidas tens sido a Dulcineia que pacientemente acompanha este D. Quixote sem armadura, sem montada e sem espada,
dividido entre a realidade e o sonho, num combate entre os afetos e infortúnios que os nossos olhos vêem... e o mundo assolam. 

Era um fim de tarde e o sol escondia-se lá longe no mar calmo
e tranquilo de Leça irradiando uma luz avermelhada que nos encantou e que tomaste  como bom presságio; e ali, tendo apenas a natureza como testemunha com um terno beijo selamos o nosso compromisso.
Ficar juntos enquanto houver amor!...
Enquanto não houver dôr!...  
Não mais!...
Não menos!... 
Vivermos na expectativa de conseguirmos plantar um jardim e com ele adornar as nossas almas sem esperar e sem saber se a vida nos ía oferecer flores...

Fomos plantando o nosso jardim, e como (peixes) que somos, pacientemente navegámos em mares de calmaria e por vezes cavalgámos ondas revoltas mas sempre mantivemos o rumo com o olhar fixo  no longe e na miragem, no sonho,  no amor e no afeto que nos impulsionou...  e nos mantém juntos.

Mais tarde, juntos e sós, naquele hospital vivemos aquela negra noite  em que perdemos o nosso projecto de bébé, a flôr nossa, que faltou no  jardim onde já existiam o teu cravo e as minhas duas rosas.  
Lembro-me da tua tristeza, mas aprendemos,  não haver na vida saudade maior e mais dolorosa do que a saudade do que era para ser e não foi... como disse Pessoa.

Maria, parece que tudo começou  ontem... mas  não, faz  dezasseis anos!...
Dezasseis anos que passaram rápidos como estrela cadente sintilante que rasga o céu  por sobre o mar iluminando o espaço e ignorando
o tempo.  
...E agora voltamos ao mesmo local e como se o tempo tivesse parado te digo novamente: anda, vem comigo...é que ainda não morreu em mim  a fome que sinto de ti e que me arde no peito...
Anda, vem comigo...

...E eu seguro de que vens estendo-te a mão e seguiremos novamente como ano após ano o fazemos.
Enquanto houver amor!...
Enquanto não houver dor!...
Não mais, não menos...
É que ambos somos almas apreciadoras do tudo ou nada...
E meios termos não se nos aplicam...
Anda, vem comigo!...

Com o meu amor e o meu afeto.
João Quitério
Outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

CRIANÇA DUPLAMENTE ATROPELADA

A notícia é brutal e corre o mundo!... Eu, tomei conhecimento
dela através da SIC notícias!... e confesso que até conseguiu que
me esqueça da triste realidade da politica e das finanças deste
país.

Uma menina de dois anos, num mercado da china, é insólitamente
esmagada por uma viatura... O condutor para momentaneamente, hesita mas segue tranquilamente a viagem!...
Durante minutos de agonia para a criança, passam dezoito, dezoito
(pessoas), seriam pessoas?... Eram pessoas sim. A pé, de bicicleta,
de automóvel, até que uma segunda viatura, passa ela também por
cima da criança como se de trapos velhos se tratasse.
Só a décima nona pessoa, uma mulher da limpeza camarária, à
criança se dirigiu e pediu socorro para ela...

Foi na China, onde a cotação das meninas é muito mais baixa do que uma tigela de arroz; mas poderia sêr em qualquer outra parte
do mundo...
Procuro  deseesperadamente palavras e não as encontro para definir a humanidade que á míngua de alma, de amor, de afeto
e de solidariedade se permite deixar-se viver perante tamanha
vergonha, tamanha desonra dos mais elementares principios de
falta de amor ao próximo... 
Quando olhamos de lado uma terna criança que sofre e não a
socorremos devemos interrogar a nossa consciência e mesmo
questionar Deus do porquê de atitudes tão aviltantes de que somos
capazes.
E como se passou na China, Confúcio diria: até que o sol brilhe
acendamos uma vela para não tatearmos na escuridão...

Eu, ocidental, Cristão e ainda crente em Deus; já não o interrogo, já não o questiono, já nem acendo uma vela que me tire da escuridão;  peço-lhe apenas que se ainda mereço o seu favôr,me tire deste filme que dói demais e já nem me permite verter lágrimas.

A todas as crianças que sofrem deixo o meu abraço
e o meu afeto. Os outros já não me importam...
João Quitério

 

sábado, 8 de outubro de 2011

DEUS... e eu









Olá meu Deus.
Eu sei que em tempos tivemos uma relação melhor que a actual, mas não Te importes muito com isso... Foi a vida...
E desencontros entre pai e filho por vezes acontecem...

Também com o meu pai fisico tive os meus arrufos e as minhas discussões, como neste momento quero ter Contigo. 

Também ele por vezes, me tratou menos bem, mas nem por isso, acredito, deixou de me amar; e se contas tinha comigo a Ti já as prestou há muito tempo...
...E sabes, nunca Te disse, nunca me queixei,  mas hoje que decidi ter Contigo uma conversa séria, que há muito desejo, e de coração aberto, confesso-te nunca ter esquecido que mo levaste demasiado cedo, o que considero uma injustiça e uma maldade da Tua parte...
Eu era ainda tão jovem!... Doze anos!  e dele tanto precisava!..
Mas vê, além disso já me tiras-Te na vida tantas coisas e me matas-te tantos sonhos!...
E mesmo assim estou-te agradecido porque ainda me conservas
a dignidade de estar de pé, a desejar cair  como cai uma árvore...
Mas essa mágoa, já lá vai... E o ressentimento com o tempo foi passando mas olha, não foi esquecido.

Entendo portanto,ser esta uma razão mais  que suficiente  para Te interrogar.
Para  Contigo conversar sobre o que vai mal no meu país e num mundo cada vez mais desigual, mais desumanizado e vil para com os fracos e pobres e sorridente e alegre para com os fortes e poderosos...

Eu não queria de maneira nenhuma concordar com o Luís de Camões,  que escreveu: no mundo vi passar os bons, grandes tormentos enquanto os maus vi nadar em mares de contentamento...
O quê? que Camões era um louco pessimista?
Ai não; essa não Te aceito! Essa é treta dos politicos portugueses e fazer politica, desculpa, mas fica-Te mal...

E já agora que estou aqui frágil e pequenino  como grão de areia,
em mais uma das muitas noites do meu descontentamento, debaixo
do céu estrelado que me ensinaram, criado por ti... Diz-me: 
Porque crianças, são violadas incluindo por alguns dos teus representantes na terra?
Diz-me também Deus porque pessoas desesperadas, perdido o trabalho, o pão e a dignidade se suicidam?
Esclarece-me também a que se destinam as catástrofes naturais e
porque matam mais pobres que ricos?
Responde-me também porque pais matam filhos, filhos matam pais, irmãos matam irmãos? Porque mães renegam os filhos e os abandonam acabados de nascer? Porquê o seu desespero?
Porque homens poderosos da finança sentados em luxuosas poltronas com um simples clic no pc fazem fortunas colossais, em segundos, entre duas bebidas de grande qualidade enquanto outros sucumbem à sêde e á fome e aainda outros trabalham de sol a sol
para receberemum salário de miséria?
Vá lá! diz-me?...
...Porque esses senhores colocam países e continentes à beira da falência e da banca rôta?
Porque os sacrifícios da retoma nesses países recaem sempre nos mesmos? Trabalhadores com empregos mal remunerados ou mesmo
sem trabalho?
Porque um pobre rouba e um rico desvia? Explica-me a diferença?
Porque nos tribunais dos homens, ricos e pobres não têm oportunidades iguais?
Porque no meu país pagaram para  acabar com as pescas? Pagaram para acabar com a agricultura? Pagaram para fechar fábricas?
Porque os países poderosos subjugam os países fracos?
Porque  crianças nascem com doenças mortais sem hipotese de
desfrutarem das belezas do mundo que me ensinaram criás-Te?
Porque Tu, tôdo poderoso senhor do Universo não salvas-te o teu filho quando na cruz agonizava.
Porquê?... Porquê?... Porquê?... 
E tantos porquês que não relato,  para não Te maçar; mas sabes que estão na minha mente.

Não! não posso acreditar que digas o mesmo  por mim sempre
ouvido  e já interiorisado!
O livre arbítrio de cada um em fazer o bem ou o mal?...
Não! não posso crêr!..
Afinal ensinaram-me que Tu és Deus todo poderoso e não
podes pôr ordem nesta desordem existente nesta bola de fogo
e lama que vagueia no espaço?

Respeitosamente, meu Deus, Te digo, que para uma resposta desse
tipo bastava-me perguntar a sua excelência, o Cavaco, o tal que nunca tem dúvidas e nunca se engana...
Senhor!... 
Quando tiveres um tempinho, dá-me um sonho clarificador como o que deste a ao meu parente Abraão, que  acabe com esta dúvida que há tempos me atormenta:
aí em cima somos todos realmente iguais?...

Olha meu  Deus, deixo-te com o meu abraço,  o meu afeto e as minhas dúvidas
João Quitério







quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O PRESIDENTE e eu...



No discurso de Cavaco dia 5 de outubro tomei a devida nota sobre três conselhos importantes que o presidente me deu.

Que devo poupar mais:
Como o fazer se já estou sem qualquer rendimento há 7 meses e não
sou único, (antes fosse)!...

Que devo trabalhar mais:
Como o farei, se à semelhança de muitos outros, o trabalho foge
de mim como o diabo foge da Cruz!...

Trabalhar melhor:
Como  fazer melhor se os poucos trabalhos que não aparecem, mesmo esses são reservados, (para futuro) a jovens e eu já sou madurito!...

Mas o meu problema e de muitos outros não, deve tirar o sono
a sua excelência como o não tirou aos inumeros inspectores e
responsáveis da Segurança Social do Norte a quem em março
denunciei a entidade patronal por me obrigar a trabalhar sem rêde,
(leia-se segurança social), em electrónica, durante anos a fio...
A minha exigência  levou esse senhor patronal a despedir-me por
telefone a 12 de março, sabado...

Segunda feira 14 de março, as fechaduras estavam mudadas e a
oficina vazia...
Contam-me que reabriu semanas depois com novo numero fiscal...
E o trágico é que em tribunal, eu é que terei que fazer prova testemunhal...

É verdade amigos leitores, e os governantes, e patrões lá vão cantando, almoçando e viajando em bons carros e rindo...
E se não fosse trágico, seria cómico... 

A todos o meu abraço e o meu afeto.
João Quitério







segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SEMELHANÇAS... assustadoras

(Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija
que chegue ao fim em poucos meses.
No mais, que o país estude, represente, reclame, discuta, mas que OBEDEÇA, quando se chegar à altura de mandar...)

Não amigos, não se trata de um discurso de Vitor Gaspar nem
de Passos Coelho...
Esta é uma passagem do discurso  proferido por Salazar no dia 27 de abril de 1928 na tomada de posse como ministro das finanças de Portugal.
Mas se ressalvarmos terminologias verbais,  agora muito mais  elaboradas com mais técnicas e exotéricas maneiras  de comunicar, para que poucos entendam, a semelhança é assustadora...

Salazar para ser obedecido, demorou 5 anos a criar a polícia de vigilância e defesa do estado, (1933) e mais tarde a PIDE em (1945).

Coelho, corre mais rápido,  como coelho que é...
Aos cem dias de governo, anuncia-nos a criação de uma (vaquinha entre o SIS,  a PSP e GNR, que nunca se deram muito bem entre si,)  para neutralizar as arruaças daqueles
cujo desemprego, mau emprego, e fome atormentam.

E aqui recordo-me de amigos de infância,  que quando eram presos pelas polícias, depois da porrada, se davam por muito satisfeitos porque lá na esquadra sempre tinham que lhes dar comida que os pais em casa não possuíam.

Talvez venha aí uma nova forma de matar a fome á legião de
desempregados que como Cristina e Pedro não encontram
apoios em lado nenhum.
Como dói amigos a indignação e a revolta ao constatar que
passados 83 anos!!!!!, oitenta e três anos!!! voltamos ao inicio
de tempos não admissíveis de nos quererem calar a revolta e o grito que nas gargantas sufoca os sentimentos!

Como é possível, que em 83 anos os ilustres e sapientes homens
da economia não tenham criado mecanismos para a criação de
uma nova ordem económica e financeira que acabe com a miséria e a indigência que nos espreita!

Como é possível que em 83 anos os doutos licenciados  não tivessem aprendido que a saúde, os transportes públicos, as águas, a luz o saneamento e a  educação, num estado de direito não se destinam a dar lucro mas sim e tão só a servir as populações.

Vamos amigos procurar nos campos ervas para nos curarmos. Comprar um burrito para as deslocações ao centro de emprego  na procura do trabalho que não existe.
Com o cantaro vamos às fontes buscar água.
Acender candeias de azeite e petroleo...
 Usar os campos para defecar.
Mandar os filhos para a escola e universidade da rua e da vida.

A pôrra toda é se depois os doutos iluminados também privatizam as soluções que preconizo a favor dos seus amigos do grande capital.
Por agora apliquemos a receita mas em segredo...

E não digo nem mais uma palavra! 
O coração pode explodir de indignação!
O cerebro derramar!...

NÃO OBEDEÇAM porque mesmo na noite mais triste, em tempo de solidão, há sempre alguém que resiste, há sempre
alguém que diz não...

...e quem sabe? Também há sempre uma cadeira para cumprir uma missão.

O meu abraço e o meu afeto a todos os que partilham comigo a indignação e me têm feito chegar menssagens de apoio e afeto.
João Quitério
Bem hajam.





quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DESESPERO

 Estação de Paço de Arcos. Foto cor. da manhã
Dois irmãos, Cristina 53 anos, Pedro 57 anos; desesperados, desempregados, despejados, sem dinheiro e com apoios negados em tôdo o lado a que recorreram atiraram-se para a linha do comboio
na estação de Paço de Arcos. (noticia do Correio da Manhã)

Se morreram?...
Claro que morreram, Cristina imediatamente e Pedro veio a falecer no hospital.
No seu bolso a polícia encontrou uma carta que fere e dói, mesmo quem no meio da própria desgraça ainda reserva um pouco de amor pelos outros que transportam no seu coração a amargura de se sentirem sós e na mente a desdita do  fado que nos consome a alma,  a crença e a fé.
E aqui lembro-me duma frase de um padre missionário espanhol, desses contestados pela hierarquia romana:
como falar de Deus a pessoas cujo Deus para eles é a solução do
seu problema?
Provávelmente cristãos, os dois irmãos teriam no seu coração
ocupado algum tempo a falar e a temer a Deus pelo acto que íam
cometer; mas na verdade quando há fome o Deus é o pão e o trabalho que teima em não aparecer...

Alberto trabalhou numa agência publicitária de onde foi despedido
há 3 anos, Cristina nunca trabalhou cuidava do irmão e até há
algum tempo da mãe que faleceu com 88 anos e que era a
detentora do contrato de arrendamento.
Foram despejados e viram-se caídos na indigência que infelizmente
se tornará cada vez mais apanágio de um país cujos governos
são incapazes de tocar nos bolsos dos ricos e poderosos.

Um país onde as leis do trabalho,  do apoio social e da saúde
são espezinhadas e diminuidas de cada vez que qualquer ministro
fala. Em 100 dias de governo raro foi o dia em que a visão governamental não se focou nos cortes dos já pobres beneficios
de que usufruíamos.
Sobre as fortunas de Portugueses situados no ranking das maiores do mundo ainda nenhum ministro se pronunciou...

Penso que acontecimentos como este se vão repetir dado o desespero e a desesperança de que o país padece, mas talvez os
rapazes  do governo se comecem a preocupar quando as patronais
poderosas se derem conta de que já não há dinheiro nas  mãos
do povo para lhes comprar os seus produtos.

Então, o Coelho apaga a luz, o Portas fecha a porta e o Cavaco
assina o decreto de encerramento do país, sempre a bem da Nação


Para a Cristina e o Pedro deixo uma flôr e uma oração
na esperança de que o seu acto desperte consciências...



Sem mais palavras...
João Quitério





  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

OS TRES BARÕES e o Zé...





Hoje pela manhã telefonou-me o Zé e foi dizendo:

-amigo: já viste? já viste?...

-Vi o quê Zé?

-O gaspar do lado do patronato a tirar-nos o pão e o emprego...

-O Miguel do lado da psp a preparar o pau... (o único com aumento de 400 milhões  no orçamento)  para apetrechar as polícias e zurzir  na malta...

-E o Coelho do lado deles todos a ameaçar: se as redes sociais  organizarem multidões, e manifestações estamos cá e seremos......... nem te digo..... nem te digo......

 -E o Zé desligou celere e eu fiquei a pensar... serão capazes?


 com abraço, com afeto haja paciência...
João Quitério

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O TRUÃO E O PODER



Nos tempos medievais as monarquias dispunham sempre da figura do truão.
Figura  atipada, uma mistura de bôbo, palhaço, saltimbanco e dançarino que saltitando  entre cortesãos e cortesâs os ajudavam
a passar  as longas noites aborrecidas e chatas onde imperavam
as boas comidas e os bons vinhos.
Entende-se e compreende-se que assim fosse, não dispunham ao
tempo de rádio e muito menos de televisão para se entreterem e um
bôbo que os animasse e dêles próprios fosse, simpáticamente 
critico e lhes proporcionasse umas boas gargalhadas, já que inofensivo, dispunha-os bem para a noitada que se seguiria nas
ricas camas de docel por entre as sêdas, linhos e saias de organza.

Os truões de então, por viverem no meio da fartura e da realeza
chegavam mesmo a esquecer-se da sua condição de servidores
e para o povão davam-se até ares de superioridade dada a sua
proximidade com o poder.
No entanto os truões tinham sempre que ter muito cuidado com as criticas por vezes mordazes que dirigiam à realeza poderosa; jamais
poderiam chamar-lhes cubanos, cambada, gays e outros mimos
e disparates que se nesse tempo existiam, só podiam ser ditos muito
baixinho.
No fundo, no fundo eles tinham que administrar muito bem o capital
que lhes era confiado...

Não amigos leitores, afastem esse pensamento que acabaram de
ter...
Qualquer semelhança com o que estão a pensar é só e apenas
uma divagação maldosa das vossas mentes retorcidas que sentem
uma vontade mórbida, de comparação com alguém do nosso tempo próximo ou por dentro do poder.
Hoje isso não existe nem é possível, e todos vivemos felizes porque
essa figura tradicional do tempo medieval não existe em Portugal...
Eu,  apenas quis recordar uma figura histórica  e histérica perdida
no tempo...
Com afeto e um abraço
João Quitério

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O ZÉ (povinho) E EU






O ZÉ pov. omeuflashblogspot


Foi nos aliados, à saída do metro que me encontrei com o ZÉ e o cumprimentei.

-Então ZÈ como vai a vida, já encontraste trabalho?

Interrompendo-me, puxou para trás o chapéu e de rajada  começou um quase monólogo ao seu geito:

Olha João: o Salazar queria que no futuro eu fosse feliz, acumulou toneladas de ouro... mas mandava a pide atrás de mim; caíu da cadeira e só nessa altura me fez feliz... 

-Ó ZÈ, mas...

E continuou sem parar: 

-Qual mas nem meio mas...O Caetano até tinha comigo conversas em família e também manifestava o desejo de que eu fosse feliz no futuro;  então  pensei: agora  talvez a coisa vá...  mas mandava censurar o que eu escrevia e não fui feliz...

-Ó zé! Mas sempre havia trabalho...

Ele continuou mais entusiasmado:

-A revolução dos cravos despediu o Caetano e então veio a liberdade e com ela a democracia; essa forma  de governar e ser governado, que  não sendo  perfeita, é pelo menos  mais justa. 
Fui feliz, e por momentos acendeu-se de novo a esperança no meu peito, mas murchou tão rápido como murcharam os cravos. 
Desanimei mas os governantes que se seguiram, sem excepção, todos me prometeram  que eu seria feliz no futuro... E eu esperei... 
Mas a realidade é que fiquei sempre  esperando...
Eles teimam que eu apenas seja feliz no futuro, mas o futuro  ou
não sei o que é, ou então de burro que sou não o encontro, e não tenho GPS que me ajude.
Agora até o meu patrão  me despediu dizendo que talvez no futuro...
Já consultei adivinhos e videntes  para saber onde encontro o futuro
mas nem eles sabem onde pára.
Olha amigo, desesperado fui lá cima à aldeia, subi à montanha e como um maluquinho perguntei ao vento e também ele nada me disse...

-Ora ZÉ agora talvez a coisa...

-Não,  pôrra!
-Eu tenho direito a ser feliz hoje, agora, já... e eles só me querem feliz no futuro, e cada fornada de governantes que vão surgindo é pior que a anterior.
Todos me pedem sacrifícios para o futuro, todos me prometem ser feliz  no futuro que nunca mais encontro.
As finanças e os banqueiros fizeram uma vaquinha e juntos  já
me tiraram as mobilias, o carro e a casa, e agora para cúmulo 
até o merceeiro me quer penhorar o chapéu; diz que pode vir a precisar dêle quando tiver que ir para uma esquina pedir esmola.

Desanimado com a raiva que lhe ía na alma, mas cantarolando:
eles comem tudo, eles comem tudo... O ZÉ lá partiu  cabisbaixo, 
à procura do trabalho e do futuro que não encontra. 
Rápido como chegou, foi andando mas fazendo um real manguito, dizia: para eles... para eles...
...e acrescentou ao aceno de adeus:
João: se não nos encontrarmos antes, vemo-nos daqui a quatro anos quando fôrmos votar... no futuro, no futuro 
Deu um geito ao chapéu  e lá se perdeu no meio doutros tantos que também andavam à procura desse tal de futuro.
 
O ZÉ  no seu melhor. Foto vidas lusofonas

Ao meu amigo ZÉ,nem me atrevi a dizer que o amanhã será melhor,  (senão fôr pior)
Para o ZÉ o meu abraço e muito afeto
João Quitério