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domingo, 11 de dezembro de 2011

EÇA DE QUEIROZ e a politica de interesses

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição.
Falta igualmente a aptidão, o engenho, o bom senso e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento politico das nações.

A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

A politica é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos principios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e justo.
Em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os epeculadores ásperos, ali há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio.

A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se...
Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos;  todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos,ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
Eça de Queiroz 1845/1900







Num Portugal depressivo, à beira da esquizofrenia total; governado por tecnocratas liberais, servidores leais do capitalismo de mercados financeiros, esta douta opinião  do Sr. Eça de Queiroz  tem mais de cem anos mas está actual. Oh se está! 
Subscrevo-a totalmente, porque depois de um século os
nossos politicos apenas nos mostram uma qualidade: a da persistência de sempre serem iguais a eles próprios em todos os
tempos...
João Quitério

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