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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SÁ DA BANDEIRA, A TUNDAVALA e eu...

Cristo Rei Lubango (imagem net)










Tundavala em lubango, angola; foto net
Tundavala pormenor da fenda; foto net







Como sempre abri a minha janela e espreitei os jardins; desta vez espreitei os jardins da minha juventude; da terna,  doce e ao mesmo tempo dolorosa saudade dessa extraordinária  cidade do Lubango, em Angola, no tempo colonial designada:
Sá da Bandeira.

Ainda jovem tive sempre comigo a ideia de que ninguém  pode
amar o que não conhece, razão pela qual sempre faço questão
de conhecer os locais onde por força das circunstâncias e do trabalho residi, ou resido.

Ora amar Angola eu já o declarei no meu outro artigo welwitschia a flor do deserto, mas amar a região da Huíla era a coisa mais fácil e contagiante num mundo que eu então descobria...
A capital, Sá da Bandeira era cativante, diferente, mágica; e por muito que os ateus neguem, ou os agnósticos debatam,  e uns e outros não dêem importância a isso; tinha, Sá da Bandeira, o pormenor de ser a cidade (portuguesa) que estava mais perto do céu, mais perto de Deus. 

A serra da leba, que lhe serve de cabeceira,  tem mais de dois mil metros de altitude encimada pelo monumento  a cristo redentor, e a meio da encosta a capela da sra. do monte... que por este dia 15 de agosto celebra a sua festa anual. 

Ali era mais simples um crente no divino sentir, numa noite limpida  que podia quase tocar o cosmos, protegido debaixo do extraordinário manto estrelado que nos cobria e abençoava, numa experiência unica, que dura por uma vida.
A partir da cidade e andando uns escassos 18 quilometros 
chegava-se fácilmente à fenda da Tundavala; fenda aberta na escarpa do planalto com,  mil metros de profundidade.
Recordo-me que gritando, o eco demorava largos segundos a ouvir-se...  
A beleza da paisagem que ao longe se avistava a muitos kilometros de distância, no vale luxuriante que se estendia até ao deserto do namibe, a terra da tribo dos mucubais, enchia a alma mesmo dos menos crentes.

Os tempos mudaram, mas por muito que mudem há coisas e
locais que são eternos como eterna deve ser a memória dos povos.

Sá da bandeira, após a independência mudou o seu nome para
Lubango, nome autoctone, com o que concordo, mas o nome de Sá da Bandeira está por demais ligado à vida do povo angolano  já que foi este Homem, politico e militar  que em Lisboa, junto do governo central, no século dezanove exigiu  e conseguiu, o fim da escravatura nas colónias de dominio Luso, tendo sido Portugal, por decisão do marquês Sá da Bandeira, o primeiro
país colonial a abolir a escravatura.
Está  na história dos dois povos, não pode ser apagada, e salvaguardando o respeito e merecimentos, de novos e mais recentes heróis, ninguém poderá esquecer ou disfarçar estas verdades, o marquês Sá da Bandeira foi o visionário da colonização organizada, mas foi também o primeiro homem no velho mundo europeu a  dar o tiro de partida para a abolição da escravatura, essa forma execrável de exploração e desenraização de homens e  mulheres com o intuito de favorecer
o enriquecimento e o capital de homens indignos, que os espalharam pelo continente americano.


Aos antigos e novos heróis de Angola...
A todos os meus leitores e em especial aos muitos que em Angola
lêem os meus artigos deixo o meu kandando, (abraço) e o meu afeto.

João Quitério






capela da Sra. do monte (imagem net)


1 comentário:

  1. Olá!
    É lindo! Assim como tua iniciativa em preservar a memória deste povo.
    Abraço.

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