Estação de Paço de Arcos. Foto cor. da manhã |
na estação de Paço de Arcos. (noticia do Correio da Manhã)
Se morreram?...
Claro que morreram, Cristina imediatamente e Pedro veio a falecer no hospital.
No seu bolso a polícia encontrou uma carta que fere e dói, mesmo quem no meio da própria desgraça ainda reserva um pouco de amor pelos outros que transportam no seu coração a amargura de se sentirem sós e na mente a desdita do fado que nos consome a alma, a crença e a fé.
E aqui lembro-me duma frase de um padre missionário espanhol, desses contestados pela hierarquia romana:
como falar de Deus a pessoas cujo Deus para eles é a solução do
seu problema?
Provávelmente cristãos, os dois irmãos teriam no seu coração
ocupado algum tempo a falar e a temer a Deus pelo acto que íam
cometer; mas na verdade quando há fome o Deus é o pão e o trabalho que teima em não aparecer...
Alberto trabalhou numa agência publicitária de onde foi despedido
há 3 anos, Cristina nunca trabalhou cuidava do irmão e até há
algum tempo da mãe que faleceu com 88 anos e que era a
detentora do contrato de arrendamento.
Foram despejados e viram-se caídos na indigência que infelizmente
se tornará cada vez mais apanágio de um país cujos governos
são incapazes de tocar nos bolsos dos ricos e poderosos.
Um país onde as leis do trabalho, do apoio social e da saúde
são espezinhadas e diminuidas de cada vez que qualquer ministro
fala. Em 100 dias de governo raro foi o dia em que a visão governamental não se focou nos cortes dos já pobres beneficios
de que usufruíamos.
Sobre as fortunas de Portugueses situados no ranking das maiores do mundo ainda nenhum ministro se pronunciou...
Penso que acontecimentos como este se vão repetir dado o desespero e a desesperança de que o país padece, mas talvez os
rapazes do governo se comecem a preocupar quando as patronais
poderosas se derem conta de que já não há dinheiro nas mãos
do povo para lhes comprar os seus produtos.
Então, o Coelho apaga a luz, o Portas fecha a porta e o Cavaco
assina o decreto de encerramento do país, sempre a bem da Nação
Para a Cristina e o Pedro deixo uma flôr e uma oração
na esperança de que o seu acto desperte consciências...
Sem mais palavras...
João Quitério