Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DESESPERO

 Estação de Paço de Arcos. Foto cor. da manhã
Dois irmãos, Cristina 53 anos, Pedro 57 anos; desesperados, desempregados, despejados, sem dinheiro e com apoios negados em tôdo o lado a que recorreram atiraram-se para a linha do comboio
na estação de Paço de Arcos. (noticia do Correio da Manhã)

Se morreram?...
Claro que morreram, Cristina imediatamente e Pedro veio a falecer no hospital.
No seu bolso a polícia encontrou uma carta que fere e dói, mesmo quem no meio da própria desgraça ainda reserva um pouco de amor pelos outros que transportam no seu coração a amargura de se sentirem sós e na mente a desdita do  fado que nos consome a alma,  a crença e a fé.
E aqui lembro-me duma frase de um padre missionário espanhol, desses contestados pela hierarquia romana:
como falar de Deus a pessoas cujo Deus para eles é a solução do
seu problema?
Provávelmente cristãos, os dois irmãos teriam no seu coração
ocupado algum tempo a falar e a temer a Deus pelo acto que íam
cometer; mas na verdade quando há fome o Deus é o pão e o trabalho que teima em não aparecer...

Alberto trabalhou numa agência publicitária de onde foi despedido
há 3 anos, Cristina nunca trabalhou cuidava do irmão e até há
algum tempo da mãe que faleceu com 88 anos e que era a
detentora do contrato de arrendamento.
Foram despejados e viram-se caídos na indigência que infelizmente
se tornará cada vez mais apanágio de um país cujos governos
são incapazes de tocar nos bolsos dos ricos e poderosos.

Um país onde as leis do trabalho,  do apoio social e da saúde
são espezinhadas e diminuidas de cada vez que qualquer ministro
fala. Em 100 dias de governo raro foi o dia em que a visão governamental não se focou nos cortes dos já pobres beneficios
de que usufruíamos.
Sobre as fortunas de Portugueses situados no ranking das maiores do mundo ainda nenhum ministro se pronunciou...

Penso que acontecimentos como este se vão repetir dado o desespero e a desesperança de que o país padece, mas talvez os
rapazes  do governo se comecem a preocupar quando as patronais
poderosas se derem conta de que já não há dinheiro nas  mãos
do povo para lhes comprar os seus produtos.

Então, o Coelho apaga a luz, o Portas fecha a porta e o Cavaco
assina o decreto de encerramento do país, sempre a bem da Nação


Para a Cristina e o Pedro deixo uma flôr e uma oração
na esperança de que o seu acto desperte consciências...



Sem mais palavras...
João Quitério





  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

OS TRES BARÕES e o Zé...





Hoje pela manhã telefonou-me o Zé e foi dizendo:

-amigo: já viste? já viste?...

-Vi o quê Zé?

-O gaspar do lado do patronato a tirar-nos o pão e o emprego...

-O Miguel do lado da psp a preparar o pau... (o único com aumento de 400 milhões  no orçamento)  para apetrechar as polícias e zurzir  na malta...

-E o Coelho do lado deles todos a ameaçar: se as redes sociais  organizarem multidões, e manifestações estamos cá e seremos......... nem te digo..... nem te digo......

 -E o Zé desligou celere e eu fiquei a pensar... serão capazes?


 com abraço, com afeto haja paciência...
João Quitério

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O TRUÃO E O PODER



Nos tempos medievais as monarquias dispunham sempre da figura do truão.
Figura  atipada, uma mistura de bôbo, palhaço, saltimbanco e dançarino que saltitando  entre cortesãos e cortesâs os ajudavam
a passar  as longas noites aborrecidas e chatas onde imperavam
as boas comidas e os bons vinhos.
Entende-se e compreende-se que assim fosse, não dispunham ao
tempo de rádio e muito menos de televisão para se entreterem e um
bôbo que os animasse e dêles próprios fosse, simpáticamente 
critico e lhes proporcionasse umas boas gargalhadas, já que inofensivo, dispunha-os bem para a noitada que se seguiria nas
ricas camas de docel por entre as sêdas, linhos e saias de organza.

Os truões de então, por viverem no meio da fartura e da realeza
chegavam mesmo a esquecer-se da sua condição de servidores
e para o povão davam-se até ares de superioridade dada a sua
proximidade com o poder.
No entanto os truões tinham sempre que ter muito cuidado com as criticas por vezes mordazes que dirigiam à realeza poderosa; jamais
poderiam chamar-lhes cubanos, cambada, gays e outros mimos
e disparates que se nesse tempo existiam, só podiam ser ditos muito
baixinho.
No fundo, no fundo eles tinham que administrar muito bem o capital
que lhes era confiado...

Não amigos leitores, afastem esse pensamento que acabaram de
ter...
Qualquer semelhança com o que estão a pensar é só e apenas
uma divagação maldosa das vossas mentes retorcidas que sentem
uma vontade mórbida, de comparação com alguém do nosso tempo próximo ou por dentro do poder.
Hoje isso não existe nem é possível, e todos vivemos felizes porque
essa figura tradicional do tempo medieval não existe em Portugal...
Eu,  apenas quis recordar uma figura histórica  e histérica perdida
no tempo...
Com afeto e um abraço
João Quitério

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O ZÉ (povinho) E EU






O ZÉ pov. omeuflashblogspot


Foi nos aliados, à saída do metro que me encontrei com o ZÉ e o cumprimentei.

-Então ZÈ como vai a vida, já encontraste trabalho?

Interrompendo-me, puxou para trás o chapéu e de rajada  começou um quase monólogo ao seu geito:

Olha João: o Salazar queria que no futuro eu fosse feliz, acumulou toneladas de ouro... mas mandava a pide atrás de mim; caíu da cadeira e só nessa altura me fez feliz... 

-Ó ZÈ, mas...

E continuou sem parar: 

-Qual mas nem meio mas...O Caetano até tinha comigo conversas em família e também manifestava o desejo de que eu fosse feliz no futuro;  então  pensei: agora  talvez a coisa vá...  mas mandava censurar o que eu escrevia e não fui feliz...

-Ó zé! Mas sempre havia trabalho...

Ele continuou mais entusiasmado:

-A revolução dos cravos despediu o Caetano e então veio a liberdade e com ela a democracia; essa forma  de governar e ser governado, que  não sendo  perfeita, é pelo menos  mais justa. 
Fui feliz, e por momentos acendeu-se de novo a esperança no meu peito, mas murchou tão rápido como murcharam os cravos. 
Desanimei mas os governantes que se seguiram, sem excepção, todos me prometeram  que eu seria feliz no futuro... E eu esperei... 
Mas a realidade é que fiquei sempre  esperando...
Eles teimam que eu apenas seja feliz no futuro, mas o futuro  ou
não sei o que é, ou então de burro que sou não o encontro, e não tenho GPS que me ajude.
Agora até o meu patrão  me despediu dizendo que talvez no futuro...
Já consultei adivinhos e videntes  para saber onde encontro o futuro
mas nem eles sabem onde pára.
Olha amigo, desesperado fui lá cima à aldeia, subi à montanha e como um maluquinho perguntei ao vento e também ele nada me disse...

-Ora ZÉ agora talvez a coisa...

-Não,  pôrra!
-Eu tenho direito a ser feliz hoje, agora, já... e eles só me querem feliz no futuro, e cada fornada de governantes que vão surgindo é pior que a anterior.
Todos me pedem sacrifícios para o futuro, todos me prometem ser feliz  no futuro que nunca mais encontro.
As finanças e os banqueiros fizeram uma vaquinha e juntos  já
me tiraram as mobilias, o carro e a casa, e agora para cúmulo 
até o merceeiro me quer penhorar o chapéu; diz que pode vir a precisar dêle quando tiver que ir para uma esquina pedir esmola.

Desanimado com a raiva que lhe ía na alma, mas cantarolando:
eles comem tudo, eles comem tudo... O ZÉ lá partiu  cabisbaixo, 
à procura do trabalho e do futuro que não encontra. 
Rápido como chegou, foi andando mas fazendo um real manguito, dizia: para eles... para eles...
...e acrescentou ao aceno de adeus:
João: se não nos encontrarmos antes, vemo-nos daqui a quatro anos quando fôrmos votar... no futuro, no futuro 
Deu um geito ao chapéu  e lá se perdeu no meio doutros tantos que também andavam à procura desse tal de futuro.
 
O ZÉ  no seu melhor. Foto vidas lusofonas

Ao meu amigo ZÉ,nem me atrevi a dizer que o amanhã será melhor,  (senão fôr pior)
Para o ZÉ o meu abraço e muito afeto
João Quitério

 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LULA DA SILVA






LULA DA SILVA EM LISBOA





Lula da Silva, o ex-presidente do Brasil, ou Lula da Silva o
ex-operário e sindicalista brasileiro esteve em Lisboa e no seu
geito carismático, simpático e envolvente lembrou os iluminados
Portugueses das finanças e da economia: PRIMEIRO AS PESSOAS, depois os numeros... O FMI NÃO VAI RESOLVER O PROBLEMA DE PORTUGAL como não resolveu o problema do Brasil...

Já não é a primeira vez que Lula fala para os iluminados
Portugueses mas porque será que não o ouvem?
Inveja do ex-presidente? 
Inveja do ex-operário?
Ou falta de modéstia dos iluminados catedráticos portugueses
em aprenderem com Lula como se faz...

Mas já nada me admira neste país cuja maior cobertura dos
midia a Lula, foi a visita que fez a um clube e ao seu campo
de futebol.
Aprendam rapazes...  aprendam com quem sabe.

O meu abraço e o meu afeto a Lula...

João Quitério



O GASPAR e a mirra








O nosso  Gaspar - foto do Jornal de notícias


Do  Gaspar, os da minha geração, embora já com cabelos brancos, guardamos a imagem daquele simpático Rei mago, negro, envolto no seu manto branco e reluzente que levou a mirra cheirosa como oferenda ao nascido Jesus, filho de Deus.
A ele e aos outros dois reis magos ficou associada nas nossas
mentes a entrega de presentes natalícios, a fartura e alegria...
Mas curiosamente nunca nos perguntamos em crianças de onde
veio Gaspar... mas tão pouco isso nos importava na nossa meninice
irreverente e alegre.

Dei comigo a meditar com preocupação na imagem que os nossos filhos e netos irão ter do gaspar... Não o Gaspar que montado num camelo se deslocou até Belém na palestina,  para ajoelhado por terra humildemente oferecer ao Deus menino os cheiros da mirra, mas sim  o gaspar dos nossos pesadelos que vindo, (eles também não saberão de onde,)  montado num reluzente automóvel até "Belém
de Lisboa" para tomar posse do ministério das finanças deste Portugal reverente e submisso à beira mar plantado... 

Estremeço e uma ideia me atormenta:
O Gaspar da Biblia chegou humildemente para depositar aos pés do Menino os cheiros de mirra...
nosso gaspar chegou de forma sobranceira e professoral não para
oferecer aos meninos os cheiros de mirra mas para mirrar todos
os sonhos dos meninos, e dos pais dos meninos deste tempo, envergando a altivez  dos que pensam que tudo sabem, mas que  começamos a entender que, afinal tudo ignoram...

Crianças de Portugal, este ano o gaspar veio, mas sim para vos tirar os sonhos de natal e provocar pesadelos aos vossos pais...


Com o meu abraço e o meu afeto desejo que as nossas crianças e os pais possam continuar a sonhar.

João Quitério


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

JN - QUATRO DIAS QUATRO MORTES




Da minha janela espreitei o mundo...

Como num sonho, é recorrente o que vejo e leio: homem mata
a esposa, (ou companheira), é igual...

E foi isto durante 4 dias...
Durante 4 dias o horror, de quem muitas vezes morre, porque
as autoridades não ouviram os seus apelos, (ele mata-me...)
Ou porque quando a polícia  cumpre o seu dever os apresenta aos juizes, que perante a lei  vigente apenas os podem mandar embora...

E enquanto nos vamos  angustiando com a realidade  da
violência conjugal neste país da saudade e do fado triste,
ninguém faz nada para alterar  esta lei que só é utilizável 
depois de  uma mulher perder a vida. Preventivamente nada
se fez ou faz.

São só 4 mortes em 4 dias; podiam ser mais, mas são estatisticamente, só 4 vidas em 4 dias.
E sobre o assunto:
O ministro  da tutela falou?  se falou ninguém ouviu nada.
Os deputados falaram? se falaram ninguém os ouviu.
Porque haveriam de falar???
Pôrra!!! São só 4 mulheres... não mortas mas abatidas por maridos, ou companheiros loucos e um deles até era polícia;
e a arma  que a matou era a arma que lhe confiaram para
defender vidas...

Brados aos céus...

Mas é claro, neste país NÃO SE PASSA NADA... 
...e entretanto também andamos todos entretidos a ouvir
o ministro das finanças, que esse sim, fala muito todos os dias   no seu ar superior,  professoral e com rodriguinhos, e nos mata a esperança e aviva a vontade de não termos nascido Portugueses.

Mais palavras para quê?