É noite alta, a cidade dorme tranquila, da minha janela olho o céu, hábito adquirido na infância quando mesmo os grandes espaços dos montes transmontanos já eram limitados para a imaginação...
Miro as estrelas e aprecio o seu brilho, o seu alinhamento perfeito e penso na minha pequenês; na pequenês de todos os abrigados debaixo deste teto celeste que cobre a terra.
Penso no poder divido que organizou tamanha festa que não tem fim e que todos os dias ali está num arraial para toda a eternidade; e nós tão poucas vezes o olhamos! Tal é a nossa certeza e o hábito de que ali sempre esteve e estará, que não lhe damos importância.
Acreditem os meus leitores que 10 minutos aproveitados a olhar as estrelas concede-nos mais tranquilidade do que uma dose de prozac ou xanax.
Pois debaixo desse mesmo teto estava um dia Socrates, há 2.500 anos dando uma palestra sobre a virtude, a piedade, a amizade e os afetos aos seus concidadãos num campo dos arredores de Atenas quando um dos seus discipulos esticando o braço apontou para uma estrela chamando a atenção para a beleza do seu brilho.
Repentinamente, Socrates, interpela o discipulo dizendo-lhe: quando apontas uma estrela estás a interferir com o equilibrio do universo.
Ora a acreditar que ao apontar uma estrela interferimos com o equlibro do universo e tendo em conta que cada homem é um universo distinto em si mesmo, mas parte do tôdo universal, fácilmente podemos imaginar o desiquilibrio provocado nesse conjunto universal de cada vez que apontamos, decriminamos, humilhamos, desprezamos, exploramos e mais grave, matamos.É imperioso e urgente aprender-mos a entender a matriz que todos trazemos dentro da nossa alma, da nossa mente, da nossa energia, da nossa essência que nos move e impulsiona e nos faz ser parte deste universo equilibrado.
Dentro de cada um de nós está tôdo o registo do conhecimento, tôdo o saber, de tudo que conhecemos e o que havemos de conhecer; assim a modos que uma net divina, que só poucos sabem utilizar.
Socrates acreditava que bastava ao homem conhecer o bem para que ele fosse praticado e ironia das ironias foi morto por aqueles que ouvindo-o ou espiando-o nunca o ouviram com o coração.
Lamentavelmente, a história repete-se, quatrocentos anos depois, outros fizeram o mesmo a Cristo, e depois outros o mesmo fizeram a Gandhi, e mais outros, ontem, hoje, e amanhã o fizeram e farão a outros...
Amigos, a mais bela e alta sabedoria vem do coração e diante dele, em momentos de pureza de intenções, as estrelas rezam e o céu abre-se numa festa sem par e lança-nos as suas bençãos.
Olhemos as estrelas e acendamos uma vela para não tatearmos na escuridão, de forma a não fazermos parte desses outros que em cada dia repetem a crucificação de cristo.
A todos o meu abraço e o meu afeto
João M.Quitério