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quarta-feira, 29 de junho de 2011

SOCRATES, EU, E AS ESTRELAS














É noite alta, a cidade dorme tranquila, da minha janela olho  o céu, hábito adquirido na infância  quando mesmo os grandes espaços dos montes transmontanos já eram limitados para a imaginação...

Miro as estrelas e aprecio o seu brilho, o seu alinhamento perfeito e penso na minha pequenês; na pequenês de todos os abrigados debaixo deste teto celeste que cobre a terra. 

Penso no poder divido que organizou tamanha festa que não tem fim e que todos os dias ali está num arraial  para toda a eternidade; e nós tão poucas vezes o olhamos! Tal é a nossa certeza e o hábito de que ali sempre esteve e estará, que não lhe damos importância.
Acreditem os meus leitores que 10 minutos aproveitados a olhar as estrelas concede-nos mais tranquilidade do que uma dose  de prozac ou xanax.

Pois debaixo desse mesmo teto estava um dia Socrates, há 2.500 anos dando uma palestra sobre a virtude, a piedade,  a amizade e os afetos aos seus concidadãos num campo dos arredores de Atenas quando um  dos seus discipulos esticando o braço apontou para uma estrela chamando a atenção para a beleza do seu brilho.
Repentinamente, Socrates,  interpela  o discipulo dizendo-lhe: quando apontas uma estrela estás a interferir com o equilibrio do universo.

Ora a acreditar que ao apontar uma estrela interferimos com o equlibro do universo e tendo em conta que cada homem é um universo distinto em si mesmo, mas parte do tôdo universal, fácilmente podemos imaginar  o desiquilibrio provocado  nesse conjunto universal de cada vez que   apontamos, decriminamos, humilhamos,  desprezamos,  exploramos e mais grave, matamos.É imperioso e urgente aprender-mos  a entender a  matriz que todos trazemos dentro da nossa alma, da nossa mente, da nossa energia, da nossa essência que nos move e impulsiona e nos faz ser parte deste universo equilibrado.

Dentro de cada um de nós está tôdo o  registo do conhecimento,  tôdo o saber, de tudo que conhecemos e o que havemos de conhecer; assim a modos que uma net divina, que só poucos sabem utilizar. 

Socrates acreditava que bastava ao homem conhecer o bem para que ele fosse praticado e ironia das ironias foi morto por aqueles que ouvindo-o ou espiando-o nunca o ouviram com o coração.
Lamentavelmente, a história repete-se, quatrocentos  anos depois, outros fizeram o mesmo a Cristo, e depois outros o mesmo fizeram a Gandhi, e mais outros, ontem, hoje, e amanhã o fizeram e farão a outros...

Amigos, a mais bela e alta sabedoria vem do coração e diante dele, em momentos de pureza de intenções, as estrelas rezam e o céu abre-se numa festa sem par e lança-nos as suas bençãos.
Olhemos as estrelas e acendamos uma vela para não  tatearmos na escuridão, de forma a não fazermos parte desses outros que em cada dia repetem a crucificação de cristo.

A todos o meu abraço e o meu afeto
João M.Quitério

segunda-feira, 27 de junho de 2011

COMUNHÃO

MIGUEL TORGA imagem da net


Tal como o camponês,
que canta a semear a terra,
ou como tu pastor,
que canta a bordar a serra de brancura,
assim eu canto,sem me ouvir cantar,
livre à minha altura.
Semear trigo e apascentar ovelhas,
é oficiar á vida uma missa campal.
Mas como sobra desse ritual,
uma leve e gratuita melodia,
junto o meu canto de homem natural,
ao grande côro dessa poesia.

Miguel Torga

TI MARIA E A RAPOSA

Dei comigo a pensar: se La Fontaine ainda existisse fisicamente, pois através da sua obra, ele será eterno; como descreveria a relação da raposa de Justes com a ti Maria e o ti Mário?

A raposa das fábulas de La Fontaine sempre saía castigada, humilhada vilipendiada e a sua esperteza e sagacidade era mal-quista pese, embora, as lições de moral de vida que elas transmitiam.

Era eu, pequenote, e sempre ficava algo tristônho e contrariado pela pouca sorte da raposa, esse bonito e sagaz animal... 
Claro que isso foi há muitos anos e os tempos mudaram e se mudaram para os humanos também mudaram um pouco para os bichos  livres e selvagens que com os homens  partilham e beneficiam deste maravilhoso planeta azul.

Mas, a raposa de Justes não é da terra de LA FONTENE,  a região francesa de champagne, mas sim da região transmontana  de Miguel Torga, e também  minha, e eu imagino  como Torga descreveria a relação da raposa com os habitantes de Justes, ele que nos deixou nos CONTOS DOS BICHOS descrições maravilhosas   de tal forma que  a ligação entre os bichos e o homem chegam a
ser humanizadas.

A descrição e filmagens da televisão efectuadas em Justes, Vila Real, demonstram como gente simples
de terras onde ainda existe a solidão do tempo, abrem o seu coração a um gesto que para todos deveria
ser simples  imperativo de consciência e de doutrina: DAR DE COMER A QUEM TEM FOME...

Afinal a região transmontana,  junto ao marão, (que nunca deu palha nem pão), e que  ultimamente tem andado envaidecida, porque de lá é o actual chefe do governo e a presidenta da assembleia da república, (o que confirma o ditado: do lado de cá do marão, mandam os que de lá são), mostra aos portugueses, e espero que ao mundo, como é possível a partilha de ALIMENTOS e de AFETOS  entre humanos e bichos numa relação quase humanizada  unidos que estão na esperança e na desgraça.

Se a lição da ti Maria e seus vizinhos tiver eco no seio desses  nossos governantes talvez os tempos dificeis que se avizinham sejam suavizados.
Por mim tenho esperança mas muitas... muitas.. dúvidas.



foto de raposa tirada da net de autor desconhecido



João Quitério, Gaia 2011

domingo, 26 de junho de 2011

INQUIETAÇÃO

Mesmo sendo domingo acordei cedo,
O dia está demasiado quente,
carregado de energia negativa.
Instalou-se a inquietação;
teimosa,
sombria,
uma inquietação quase dolorosa
que aperta o coração e esfarela a mente.
Da janela do meu quarto ao longe vejo o mar; 
da janela virtual espreito o meu  e outros jardins.
Hoje é só, mais nada...

terça-feira, 21 de junho de 2011

O TER E O SER...

Neste mundo conturbado,
quem tem muito dinheiro,
por mais inepto que seja,
tem talento e préstimos para tudo;
quem não tem dinheiro,
por mais talento que tenha,
não presta para nada.

(Padre António Vieira 1608/1697)

O esclarecido, e poder-se-ía mesmo dizer, iluminado pensador,  escritor, e missionário Jesuíta,  referia-se há quase quatro séculos a um mal que atravessa os tempos, numa renovação permanente, como permanente é o sol que ilumina o nosso planeta,
como permanente é o movimento das marés em oceanos  que unem continentes e povos.

O TER E O SER,  já existia muito antes de António Vieira, mesmo antes de Cristo que também combateu este conceito mesquinho, retrógrado e que lamentávelmente existirá muito para lá do nosso tempo.

Neste tempo de globalização, o ter e o ser tornaram-se  mais acentuados pela circunstancia
de haver mais acesso à informação, comunicação,  publicidade e desfile de vaidades que chegam até nós.

As aparências são quase sempre o que mais cativam os maus observadores que ajuízam
das pessoas em função  do que se tem e não do que se é; observam o exterior e não analisam o interior; são como aqueles que escolhem uma garrafa de vinho pelo preço e aspecto  do seu rótulo frontal, e raramente analisam o pequeno e menos atrativo rótulo situado na traseira da garrafa, que esse sim, refere as castas e demais informações técnicas sobre a sua concepção.
Aos que apenas apreciam  O TER deixo o meu desdém..
Aos que analisam e apreciam O SER deixo tôdo o meu afecto e admiração.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

...O ESTADO OU O HOMEM?

Ao principio não era o estado mas o homem...
Era o homem, o espirito e o barro;
É esta uma verdade em função da qual deverá ser o estado subordinado ao homem,
e não o homem subordinado ao estado. ( Francisco Lucas Pires)

Neste tempo em que se forma em Portugal um novo governo, dei comigo a pensar nesta frase do politico e pensador, (com o qual tive o prazer de conversar pessoalmente)  e na circunstância de passados mais  de trinta anos, o seu pensamento continuar actualizado, ou melhor, actualizadissimo!

Seria bom que cada, ministro, cada secretário, cada deputado a fixasse em suas mentes,
para não esquecerem, como sempre fizeram, que o HOMEM deve estar sempre nas suas preocupações e nas suas acções;

E ao referir-me ao Homem refiro-me a todos os portugueses e portuguesas e em especial áqueles que por força de más politicas e da globalização se vêem atirados para um gueto
onde falta o trabalho, a saúde, a educação, a prosperidade e aos quais eles (governantes iluminados)  se preparam para reduzir  ou cortar subsidios deixando-os em uma miséria
que os levará um dia  a iniciarem uma revolução.

E meus amigos, não nos iludamos, há dois anos que eu previa, e aqui o reafirmo, se a europa não cuidar dos seus assistiremos à desordem e sublevação totais conforme já se
começa a verificar um pouco por todos os países que enfrentam dificuldades. Olhem a praça do sol em barcelona! Hoje mesmo em Atenas!  

Foi assim noutros tempos, recordo-me da revolução de maio de 68 em França, em pleno auge económico!!! as greves e a revolta dos jovens; são sempre eles o motor das revoluções...  e já se começam a mexer em Espanha e na grécia, e Portugal dos brandos costumes, já viu a juventude á rasca  dar uma amostra do que aí pode vir, do que podem esperar.

Por isso insisto: pensem todos que: ao principio não era o estado mas o HOMEM...
...e que um dia podem ficar sem estado e ter de enfrentar O HOMEM.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

DA MINHA JANELA

Pela manhã levanto-me abro a janela e espreito a minha rua....
Depois espreito a janela do mundo no meu portátil no meu blog........
Dou uma passagem nos jardins, não proibidos, doutros  bloguistas.

Em alguns jardins vejo  os amores de uns e os desamores de outros.

Vejo sentimentos de saudade e abandono de gente á quaal são negados os afetos devidos.

Vejo também gente nova criativa e feliz disposta a contrariar a adversidade...
...e penso como  há bem poucos anos isto não era possível, a criação de uma comunidade
virtual, que  não se conhecendo, abrem o coração para contar o que lhes vai na alma, para
escreverem maravilhosos poemas,  contarem experiência de vida, possibilidade  que antes apenas era reservada aos que por circunstâncias diversas podiam editar.

Aos que estão tristes,  desiludidos, e em desamor deixo uma mensagem: AMANHÃ SERÁ MELHOR... e pensem sempre que um ser humano mesmo caído no chão, ainda assim, pode olhar as estrelas.

A todos deixaria uma recomendação: ANALISEM OS AFETOS, pois é dando que se recebe e os afetos não têm preço nem custo, nem se adquirem no supermercado por muito dinheiro que se tenha.

Cuidemos todos dos nossos jardins, dos nossos afetos e já agora porque não formarmos o sindicato dos afetos?

flores de Portugal
 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

NO REINO DA UTOPIA

Da janela do meu tempo, eu, LUIS DE CAMÕES, o poeta, com a minha obra suprema debaixo do braço, OS LUSÍADAS,  escrita em pergaminho amarelecido pelo tempo e pelas viagens,  caminho pelas ruas de Lisboa,  ...caminho no meio de um povo feliz e sorridente porque vive em segurança e tranquilidade, onde não há registos de assaltos nem violência, um reino que desconhece a violência doméstica, um reino onde mal tratar crianças é impensável,  um  reino onde só as cadeias são decrépitas ruinas por falta de utilidade, um reino onde está preservada nos monumentos  bem tratados a memória te todo um povo, um reino onde a justiça é rápida e gratuita, administrada por homens justos em belos edifícios onde nem chove como no meu tempo.

Da janela do meu tempo, eu que perdi um olho em lutas esforçadas,  por terras aos infieis conquistadas, mesmo assim limitado, vejo longe e distante e ali perto miro  o rio tejo  tão querido, ligado ao oceano que todos levava e onde só alguns retornavam cheios de bens, riquezas e glória nunca por outro povo alcançados.

Da janela do meu tempo   olho os meus concidadãos, gentes do tempo novo, homens, mulheres e crianças  que  nas ruas,  passeiam;  são pessoas felizes num  reino que amanhã dia 10,  festeja o  dia  que comemora a raça de navegadores, a raça de homens e mulheres que souberam  mostrar novos mundos ao mundo pequeno  e  limitado que então conheciam.

Da janela do meu tempo vejo  creches escolas e universidades (gratuitas) onde todas as crianças e jovens são iguais e sem fome, espalhando sorrisos de contentamento; vejo professores felizes com o seu trabalho, vejo estradas por onde modernos automóveis circulam  sem terem que pagar o dizimo pela sua utilização, vejo funcionários solicitos e felizes para com os que a eles se dirigem.

Da janela do meu tempo vejo hospitais onde todos os cuidados de saúde são gratuitos,  vejo lares onde os velhos e os diminuidos  são tratados com carinho e com afetos sem que para isso os familiares novos tenham que se esforçar a pagar.

Da janela do meu tempo vejo que este reino também vai festejar amanhã o meu nome,  pelos poemas  que escrevi, pelas lutas que travei e que orgulhosamente mostram a raça de gente que os Portugueses doutros tempos soubemos ser.

Da janela do meu tempo vejo um reino económicamente forte onde nunca foi necessária a intervenção do FMI, que eu sei, os portugueses detestariam.

Da janela do meu tempo apenas vejo um povo feliz, dirigido por governantes felizes mais preocupados com o PIA (produto interno de afetos) do que com o PIB que esse está firme como uma rocha.

Da janela do meu tempo vejo empregados e empregadores derramando entre eles cordialidade e afetos; que bom está o meu país nesta hera de 2011, onde nenhum trabalhador é despedido sem  justa causa.

Da janela do meu tempo vejo os empresários e industriais preocupados em que o novo governo que aí vem lhes dê mais benesses governamentais para as puderem redistribuir com os que para eles trabalham ajudando-os a amontoar mais riqueza e felicidade, vi banqueiros que nunca por nunca levaram bancos á falência, e que de igual maneira recebem ricos e pobres  para os ajudarem a progredir nos seus negócios.

Da janela do meu tempo vejo que a igreja não tem necessidade de distribuir alimentos aos que ficaram sem emprego como acontece noutros reinos do continente europeu.

E como da janela do meu tempo constato que iluminados governantes  tornam feliz o meu povo, tomo consciência de nada mais ter para cumprir porque PORTUGAL CUMPRIU-SE  e com um poema que me é tão caro vos deixo:

Os  bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mares de contentamento.
Cuidando assim alcançar
o bem tão mal ordenado,
fui mau mas fui castigado.
Assim que,  só para mim,
anda o mundo concertado.

...Pôrra, o despertador tocou, a minha Maria vai para o trabalho, (até quando)... Afinal era só um sonho lindo, sou tão só o João, 
que continua sem trabalho  mas com ganas de escrever e perguntar:
QUO VADIS PORTUGAL

quinta-feira, 2 de junho de 2011

...A ESMOLA DE UMA CANÇÃO!

Poetas, esperemos com paciência!
Que a humanidade  um dia (quase morta
à mingua de alma, a civilização)
vergada ao peso inglório da ciência,
virá  à nossa porta mendigar
a esmola de uma canção!

Carlos Queirós (poeta português 1907/1949

Esta postagem tem só a intenção de lembrar que ontem como hoje
almas de portugueses sensiveis e esclarecidos recordam-nos o peso
efémero e inglório da ciência e da civilização